quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Uma afirmação inexplicável


Dou-te um resto de tudo,
Um nada insaciável,
Um porquê infinito,
Uma afirmação instável.

Quero dar-te o que não posso,
O impossível e o impensável,
Dar-te o que tomo como nosso
- Afagar o desejo incontrolável.

Choro a inexistência
De um mal que corte tudo pela raiz,
Cada coisa tem a sua incoerência
E minha é aquilo que me faz feliz.

Não posso renunciar
Aquilo que se reflecte nos meus olhos.
Se não os posso esconder
Mais vale aceitá-los sem temer.

Não posso querer mais de que um nada,
Aquele que te disse dar,
Em tempos, longínquos…
Onde prometi que nunca mais iria amar.

Como posso alguma vez sair vitoriosa
Se nem as minhas próprias promessas sei cumprir?
Ainda que as goste de desafiar
Nunca as tentei com o objectivo de depois delas ter de fugir…

Quero mentir e dizer não,
Estava tão bem sem alvoroços de paixão…
Acho que agora não há nada a fazer,
Deixei-me levar e ainda o fiz por querer.

Esteja confusa ou certa,
A razão ainda não se fez notar,
Ainda não encontrei uma explicação
Para tão rápido conseguir amar.

Vou arrastar as perguntas,
Fazê-las obrigar
- Quero que ainda hoje me respondam
Como pudeste desta forma me cativar?

O amor pode ser cego,
O destino inexistente,
A sorte oculta
E o azar presente.

Mas em nada disso encontro
Aquilo que quero descrever.
O meu coração é só mais um afronto
Aquilo que a minha alma quer padecer.

Dou-te agora um resto de esperança,
Um muito insaciável,
Uma resposta infinita,
Uma afirmação inexplicável…

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