sexta-feira, 26 de agosto de 2011

As chaves que não abrem


Um sorriso,
Quente e alarmante,
A minha cara escondida
Em tom desafiante.
Um olhar,
Promissor e intenso,
O meu medo posto à deriva
Num barco de gesso.
Um adeus,
Determinado e ousado,
A minha esperança viva
De poder agora morrer de bom grado.
Um mero sinal,
De paixão duvidosa e incerta,
A minha alma em risco
De cair onde há um alerta.
Um beijo,
Um abraço,
Um suspiro,
Coisas que já me parecem difíceis de sentir
Mesmo com as poucas vezes que os miro.
Porque agora tudo sabe a um insonso saudável,
A um salgado demasiado presente,
A minha vida procurando o picante insaciável,
O meu coração examinando aquilo que está ausente.
Quero voltar a mostrar
Tudo aquilo que de certa forma escondi,
As minhas formas de amar
- Abrir o meu coração a ti.

Devia eu saber onde estão as chaves,
Já enferrujadas pelo tempo…
Provavelmente já nem devem conseguir abrir
Aquilo que já devia ter ido com o vento.
Um dia lembro-me de as ter deixado num canto,
Abandoná-las para nunca mais as utilizar,
Deixá-las apodrecer
E assim o meu coração nunca mais poder voltar.
Hoje encontrei-as,
Junto à moldura que parti,
Senti o aviso delas
Para voltarem a abrir
E fazerem-me esquecer aquilo que senti.
Encontro-me então num dilema,
- Continuar a pensar e me martirizar
Ou amar e nunca mais voltar.
Parece tão fácil de escolher,
Basta saber o que o humano necessita,
Mas eu sou mais que isso
- Sou uma alma a querer fazer morrer
Tudo aquilo em que acredita.

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