quarta-feira, 26 de junho de 2013

Carta a quem não sabe ler


"Pedia-te que escrevesses onde andas.

Ou então que desses um pouco mais de alma ao meu mundo. Sal ou pimenta servem - caso o tempo não dure para nos afundarmos na beleza do meu pequeno lugar onde existes. Qualquer coisa que me estimule, me faça retroceder. Qualquer sinal de que voltei aos tempos de ânsia, onde a tua alma e dedicação ainda existiam. Qualquer coisa vinda de ti – seria suficiente.

Pedia-te a mais insignificante palavra. A mais tímida de todas - a mais vulgar, feia e asquerosa palavra. Perderias tempo teu - o qual não ousas dispensar senão somente em ti. Perderias tempo em mim. E qualquer tempo vindo de ti – seria suficiente.

Ou então pedia-te que ouvisses a mesma música. Que – sei lá - te lembrasses da letra tal como eu. A interpretasses da mesma forma, com os mesmos momentos e as mesmas histórias. Pedia-te telepatia - pensamentos comuns e ideias partilhadas. Qualquer que fosse a memória – seria suficiente.

Tudo seria suficiente – se fosse teu. Nada mais do que tu. Nada mais do que pedi.
Sempre foste e serás o suficiente para mim.  

Pedia-te que te importasses tanto como eu me importo por ti. Ou então escreve-me - como eu escrevo a ti."

carta a quem não sabe ler