quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Esse amar que é dor


E quem não se contenta com sonhos,
Pouco vale a pena pensar,
Quem não os faz querer aparecer
Pouco deve saber da vida para amar.

E esse amar que é amar,
Esse muito que é um nada,
O meio sem o intermédio
Tal dor sem lágrima derramada!

Para um querer basta pedir,
Para pedir basta suplicar,
Suplicando estou a fingir
E assim querer não é amar.

Mas o quero passa a pedir,
O dá-me a mandar,
O peço-te a fugir
E o sorriu-te a escapar.

A suplica pede um amo,
O amor pede uma carta,
O fingimento uma vida
E feita está logo a ferida.

A definição pede socorrendo
- De quem saber o amor sabendo
Lhe possa explicar esta mágoa,
Feita espada, vida morrendo.

E esse amar que é amar,
Essa inocência rara chamando,
Cálice das famílias a suplicar
Que o fingimento lhes está sugando.

Venham mais espadas feitas marés,
Tempestades sem nuvens,
Venham mais “queros” dizer
Que amar é fácil e apaixonar é morrer.

E essa dor que é dor,
Essa porta estreita a bater,
Junto ao quarto do amor
Onde ouvem os gritos de prazer.

Feita a promessa está,
Que amar não é amar
Sem um meio lá estar.
Feito o sacramento entre a dor e amor
Vivam em paz até dizerem
“Adeus, louvor”

Venha o diabo e escolha
Qual deles o pior,
Se o amor por meramente amar
Ou se a dor por ser o seu par.

E esse amar que é dor,
Essa vida feita pudor,
Juras feitas em pecados,
Se o amar é viver
E a dor sofrer…
Oh pobres corações despedaçados!

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