quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Tenho


Tenho da vida um outro qualquer,
Um tanto e um nada,
Um sujeito, uma mulher.

Tenho dos sonhos
Um golpe da verdade,
Uma alma escondida
Vagueando pela realidade.

Tenho das lágrimas
Um sentimento perpétuo,
A busca do não ter,
Choro predilecto.

Procuro a razão,
Então digam-me o que é ter,
Se o meu coração é furacão
E o meu desejo é poder.

Tenho de um tanto
O que falta do nada,
Da dor um sentimento
- Minha vida encontro desesperada
E do meu amor encontro um momento.

Vivo com a alma
Num lugar à sombra,
Afagando a calma
Que vi ter
Neste paradisíaco mar
Onde a vida se fez viver.

Procuro a solução
De ter o que não se tem,
Sujeitar-me a perder
O vácuo do ninguém.

Mas para nada encontro resposta,
Nem nos tenhos que atingi,
na verdade sei porquê
- Minha vida é uma aposta
Colocada à tua mercê,
Alguém que nem conheci.

Então deixem-me ser volátil,
Condicionada pelo amor,
Antes este prefiro manipular
Que a minha lição feita na dor,
Oh pobres corações que tenho a rejeitar!

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