quarta-feira, 14 de setembro de 2011

As artes do espectáculo



Ouviu-se ao longe o som das palmas,
Declarou-se os agradecimentos,
Separaram-se as almas.
E a cortina fechou.

As pessoas satisfeitas
Abandonaram o recinto,
Ansiosas por mais,
Por mais um momento em que minto.

Talvez haja desilusão
Por não saber quando irei voltar a representar,
Quando irei de novo abrir a cortina
E mostrar onde melhor me sei expressar.

É isto,
A arte do espectáculo,
A magia da ilusão,
O poder da atracção.
E nos meus aposentos,
Fico à espera de fugir do tempo,
Desta vez não corro na direcção oposta,
Desta vez não será meu contratempo
Ter ficado tão exposta.
E a pessoa que represento,
Que se mostra por agradecimento
Não se irá inibar,
Pelo contrario,
Ira mais uma vez magnificamente representar.

Desta vez deixem-me ficar com as feridas,
Da minha personagem anterior,
Quero para sempre ter a lição
De saber ter o que não se tem,
Viver sem um ninguém,
Acreditar que nada vem do além.

As luzes apagaram-se,
Apenas se deixou um foco sobre mim,
Mostrando o quão importante fui
Sempre que interpretei, até ao fim.

As últimas palmas soaram novamente,
Acabou-se o espectáculo,
Viram tudo o que havia para ver,
Tudo o que tinha para dar,
Mais uma sessão de entretenimento fez-se
Sem um sorriso conseguir expressar.

E a cortina deste teatro fechou-se
Foi aclamada o tempo que devia ser,
Mas enquanto uma fecha outra abre
- Oportunidades são o que não falta, a meu ver.

Que a magia do espectáculo venha
Para os espectadores poder iludir
Fazê-los entreter por uns tempos
-Tolos que não repararam que estava a fingir.

É a vida de um artista,
Não se sabe que inimigos se irão formar
Nem que amigos se irão despontar,
É a vida apostada na arte,
Com apenas um lema para nunca porem de parte:

“Nunca deixem as personagens afectarem quem são,
Mais irão de vir e essas sim perdurarão.
Voltem a representar, fazer aquilo que mais gostam,
Nunca se sabe se não irão amar
A vossa próxima interpretação,
Conseguirem fazer a cortina não se fechar,
Mudarem o rumo ao vosso guião.
O “para sempre” não existe para um artista,
Mudamos de cara no dia-a-dia,
Talvez seja por isso que seguimos sempre em frente
E nunca pensamos no que devia ter sido feito anteriormente.”

Desta vez terminou,
Vou mudar de local,
Pensar além,
Interpretar o que me restou,
Preencher um ninguém.
Soltar a força,
Mostrar a alegria da arte,
Honrar o meu dom
Que nunca deixei de parte.

Venham mais papeis para representar,
Mais iras do trabalho,
Mais lutas para lutar.
Pois eu como artista direi:
“Sou famosa agora como nunca serei,
Aproveitarei os momentos para aprender
O que a minha alma não quer fazer entender.
Sou forte na carreira e na vida,
No amar e na desilusão,
Estou preparada para tudo
Nem que seja para mais uma ilusão”

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