quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Palavras de Vidro


Gostava de poder sentir
Aquilo que as palavras levam
E as imagens ocultam.
Gostava eu de distinguir
As falas inexistentes
De discursos planeados,
Incoerentes.

Levei, outrora,
Dos meus pensamentos,
Palavras de vidro
Que significavam momentos.
E que por serem tão frágeis,
Tive de as deixar,
Não fosse outro alguém
Invadir-me
E querê-las quebrar…

Ingenuamente ando vagueando,
Nas ruas degradadas, bem lá no fundo.
Procurando os pedaços de vidro
Dessas palavras que tomei como um mundo.

Mas se eu me despedi delas,
Digam-me a razão de não conseguir dormir
Ao saber que estão lá fora,
Para além da minha mente,
Tristes, quebradas e sem um lugar quente.

Se o meu coração as aquecia,
E a minha alma as confortava
Porque fui eu retirá-las ao meu ser
- Que só em elas confiava…

Estão seguras agora,
O vidro é quebradiço.
E na minha alma a esta hora
Não seriam mais
 Que mero falhado compromisso.

Abdiquei da sensibilidade
Que elas próprias possuíam,
Somente para terem um pouco mais
Daquilo que no meu coração nunca teriam…

Não peço que voltem,
Nem que supliquem.
Quero, desejo-vos
- Frias, quebradas,
Omnipotentes,
Por outro alguém agarradas,
Para outro alguém quentes.

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