sexta-feira, 22 de março de 2013

Fora da lei



Um desastre.

Como se por cada palavra que te tirava, tiravas-me tu um bocado do meu coração. Era como uma troca, um pacto. Alianças, espécie de negócio ilegal.

Quão errado é negociares pulsações do teu coração só para obteres umas miseras palavras de quem dele se ocupou. E não mais saiu. Vai saindo assim, a roubar-te pedaços. A negociar palavras. Coisas secas e sem significado que até gostas de ouvir para adiar esse desastre. Com esperança – adiar até outro negócio mais rentável aparecer.

Mas tudo ilegal. Que coisas de sentimentos só dá chatices burocráticas para as quais não temos dinheiro para pagar. Que o amor quer-se é a fugir, a correr por entre as pernas. Um fugitivo que ganha a sua vida com negócios desta laia – trocas injustas mas que sossegam almas apaixonadas.

Quão certo é registar todas as faltas, desilusões, facturas por pagar que o amor obriga. Diria um desastre. Tal e qual como se sentisses falta da memória que te apaixonou- de tão leve era que se escapou no meio desses tratados fora da lei, a troco de palavras e sinónimos para a corrosão de ti mesmo.

- Amo-te  - disse em voz alta.

E como por receio o tolo que ouviu esta bela palavra debruçou-se sobre o traficante, e a modos como que para ninguém ver, perguntou

- Quanto te devo?

Um desastre, porventura.

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