Há dias em que penso em realizar sonhos.
Como uma vontade de criança. Com um sabor de algodão doce na boca e uma
corda de saltar enrolada nos meus ombros. Digo-o – com vontades de gente
pequena. Com a ingenuidade das pequenas almas corajosas e a persistência da sua
energia contagiosa.
Tão depressa e tão urgentemente como o palpitar de um coração minúsculo
que bombeia mais que o de gente crescida – tem dias. Tão inconscientemente –
penso em sonhos.
Penso nestes meus desejos grisalhos, de já cabelos brancos - incompatíveis
com a minha imagem de rapariga inocente. É irónico o caminho que os nossos
objectivos perfilam. Mais irónico ainda é acharmos que eles – os sonhos –
seguem-nos, como pegadas na areia correm atrás de quem as percorre.
Agora – que sou gente pequena com confiança de ser grande – tenho dias
em que penso em como queria realizar sonhos.
Com esta nova vontade de ser velha enrugada. Deixo rastos dessa saudade
de sentir o sabor do algodão doce na minha boca. Deixo pegadas - que já se
arrastam como resultado da velhice que quis antecipar – dessa melancolia, da
saudade da energia viciante e imparável com que queria mudar.
Tão depressa e urgentemente quis eu sonhar. De tal forma, que tão
inconscientemente – deixei-me parar.
Quanto tempo demorarei a esquecer os meus sonhos?
Agora que escapei dessa ingenuidade de criança que todos querem
adiantar - quanto tempo demorarei a não mais lembrar os dias em que sabia
sonhar?
Escreves tão bem. Adoro os teus textos, continua em frente. És uma princesa Sarinha
ResponderEliminarOh, muito obrigada : ) é tao bom saber, assim espero continuar :)
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