Odeio fins. Odeio começos. Preciso de uma estrada de pedra, um percurso selvagem e palavras novas.
O intermédio é uma vasta solidão compreendida entre dois tempos felizes. É o fim e o começo, o compasso de espera, uma corda bamba sem sentido, um vazio sem história com personagens soltas que balançam de um lado para o outro, neutras.
É um intervalo, não como um das três da manhã às cinco da tarde. Um daqueles sôfregos, infinitos – porventura. E nós nunca sabemos onde estamos - se no fim, se no inicio, se no meio. Nós nunca sabemos nada, vagueamos fingindo. E adoramos fingir saber. Loucos demoníacos diriam outros, sobre nós.
Não é que tenha medo de começos, mas do que vem antes. E não sei quando vem ou se julga vir. Não sei se me devo preparar ou é melhor chegar atrasada, para me notar. Sempre me disseram para começar com o pé direito, mas eu não sei o local, o dia, as horas, o ano em que começarei de novo.
Se calhar estou no fim, de algo. E é por isso que sinto um calafrio, os pés a gelarem e o relógio a adiantar-se. Quer chegar primeiro que eu , mas não me importo, afinal só vagueamos.
E eu acredito e sempre vou acreditar, mesmo se da corda bamba não sair, que a vida é mais que conquistas supérfluas onde tentam o fim nunca atingir.
Já passa da hora, eu sei. Tudo o que é bom vem atrasado, mas sempre perdura.
Povavelmente noutra vertente, vejo-me neste teu texto.
ResponderEliminarObrigada :)
Sara
"mas sempre perdura"-> Seria interessante sublinhar, mas os comentários não têm direito a html |:
ResponderEliminarEstá lindo sara! :)
ResponderEliminarAlexandra F.