Sempre gostei. Hoje principalmente. Apetece-me vaguear.
Perco-me nas derivas do fruto proibido. Ele cega-me, o pecado, e agora não consigo perceber que caminho percorro. Estou perdida. Devia gostar, neste caso não. Odeio, profunda e desesperadamente. É como olhar para o céu sem ver a estrela polar, olhar para o horizonte e não ver uma linha que limita o infinito, é caminhar numa estrada sem sinais de orientação. E fico doente, sacrilégios de ações que não se viram realizadas. Fico cega, e agora estou a começar a sentir-me muda. As palavras escapam-me, ou fogem do que sou. Ainda não percebi - também ando perdida nisso.
Então caminho não sei bem por onde, e vejo não sei bem o quê, às vezes falo - mas não me escutam. E tenho pernas, mas não as uso. Tenho olhos, que não vêem. Tenho boca, que não fala. E asas, que não levantam.
De tantas formas de encontrar o desnorteamento vim eu escolher esta, onde tu – desilusão, me afogas, deixas-me sem o que preciso para ver. Escondes os sapatos que comprei para andar, e coses-me os lábios para não falar. E queimas, todas as historias que eu poderia fazer voar, todas as palavras que me faziam imaginar.
Reparei agora onde me encontro. Está escuro e frio. Ouço vozes que respondem a perguntas que não fiz.
Não sei se é de mim…mas acho que estou perdida.
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"Escrever é uma maneira de falar sem ser interrompido"